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  • A Pequena Sereia: O Único Acerto Foi Halle Bailey, Diz Crítica


  • O remake da animação clássica de 1989 faltou ousadia, e isso resultou em filme pouco inspirado.

A versão live-action "A Pequena Sereia", que busca modernizar os clássicos da Disney e atrair o público, enfrenta desafios significativos ao tentar justificar sua existência. 

Embora a escolha de Halle Bailey como protagonista seja inspirada e alguns aspectos ultrapassados da animação original de 1989 sejam atualizados, o filme falha em apresentar uma abordagem inovadora, seguindo de perto os momentos mais icônicos da versão animada. Isso resulta em uma falta de ousadia que compromete sua originalidade.

Mesmo que não seja necessariamente um filme ruim, também não consegue ter o impacto que cada novo desenho da Disney costumava ter, marcando uma geração.

A mais recente adição à franquia não-oficial da Disney, composta por adaptações live-action de clássicos animados, chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (25).

A Adaptação

A história permanece praticamente a mesma. Uma sereia (interpretada por Bailey) sente-se deslocada por causa de seu pai superprotetor, um rei dos sete mares (interpretado por Javier Bardem).

Apesar de ser proibida de explorar a superfície, ela se apaixona perdidamente por um príncipe humano (interpretado por Jonah Hauer-King) e busca a ajuda de sua tia bruxa (interpretada por Melissa McCarthy) para ter uma chance com ele.

No entanto, como de costume, há uma reviravolta. Ela deve abrir mão de sua própria voz e conquistá-lo em três dias, correndo o risco de se tornar uma escrava eterna da vilã caso não tenha sucesso. A paixão intensa da protagonista ainda pode parecer um tanto absurda, mas ainda é compreensível.

Melissa McCarthy como a vilã 'Ursula' — Imagem: reprodução

No final, a protagonista assume uma postura mais determinada na batalha contra a vilã, diferentemente da versão original em que precisava ser resgatada. Halle Bailey brilha com uma interpretação impecável das canções clássicas e um carisma que transborda, tornando-se o principal motivo para assistir a essa versão. 

O roteiro também oferece uma abordagem mais complexa para a personagem de Ariel, embora seja um desafio preencher as lacunas de uma personagem tão celebrada para qualquer atriz de 23 anos. 

Jonah Hauer-King, conhecido por suas produções britânicas, traz uma nova camada ao príncipe Eric, indo além do estereótipo do bonitão burro do original, e sua química com Bailey é invejável. 

Quanto a Melissa McCarthy, ela parece se divertir interpretando a malvada Úrsula, embora sua atuação possa parecer um pouco exagerada em alguns momentos, resultando em uma vilã mais caricata do que ameaçadora.

Jonah Hauer-King interpretanto o príncipe Eric — Imagem: Reprodução

Estranho Oceano

As músicas clássicas ainda são excelentes, mantendo a qualidade esperada do renomado compositor Lin-Manuel Miranda, criador de "Hamilton". No entanto, essas músicas têm um estilo distintamente teatral que se destaca em relação às demais.

Os efeitos visuais, por sua vez, demonstram claramente o motivo pelo qual essa adaptação não foi realizada anteriormente. É difícil imaginar uma versão viável sem a tecnologia atual, que oferece uma representação mágica e convincente do mundo subaquático.

Por outro lado, é preciso mencionar que os companheiros de Ariel, Linguado (Jacob Tremblay) e Sebastian (Daveed Diggs), perdem um pouco do seu encanto e fofura quando representados de forma mais realista. Suas formas mais verossímeis exigem algum tempo de adaptação por parte do público, criando uma sensação inicial de estranhamento.

Poster de 'A Pequena Sereia' — Imagem: Reprodução

Essa sensação de desconforto acompanha boa parte do novo filme "A Pequena Sereia". Não se limita apenas aos personagens animais, pois a gaivota Sabidão (dublada por Awkwafina), por exemplo, não sofre desse problema. É como se faltasse algo nessa nova tentativa da Disney.

De certa forma, essa situação é semelhante à abordagem adotada em "Aladdin", que, em 2019, também buscou modernizar uma história ultrapassada, sem ir além desse objetivo.

Quatro anos depois e com inúmeras novas versões, a sensação é de que essa abordagem já não é suficiente.